As Indústrias de Papel do Vale do Vizela e as suas Personagens (X)


8 - Personagens e Contexto Familiar

8.1 Família Álvares Ribeiro

Iniciamos o penúltimo capítulo destes apontamentos com um breve estudo sobre a família Álvares Ribeiro. Os pais do fundador da fábrica de papel instalada em Moreira de Cónegos foram António Álvares Ribeiro Guimarães e Luísa Albina de Santa Rosa, o primeiro nascido em 1749  e a segunda em nascida em 1760. O patriarca seria natural de Vizela e veio a estabelecer-se no Porto como livreiro, sobre esta sua actividade há de facto uma vasta referência disponível na Internet. Desde logo em «A Actividade Livreira no Porto no Século XVIII» de Maria Adelaide de Azevedo Meireles é dito que a actividade estava tradicionalmente nas mãos de uma mesma família e refere o exemplo da família Álvares Ribeiro classificando-a como uma importante família de livreiros da cidade do Porto. Este teria oficina na rua de S. Miguel e loja na rua das Flores, onde se concentravam quase 90 livreiros. A mesma obra refere que a oficina de Álvares Ribeiro publicou um grande número de obras de teatro. Encontram-se, também, muitas outras publicações atribuídas a esta oficina em domínios como a medicina, farmacologia e artes literárias. Por curiosidade, aquando do estudo sobre a guerra peninsular e as suas consequências na fábrica de papel da Cascalheira, registamos a publicação de um jornal de campanha contra os franceses impresso na oficina desta família.

1774 terá sido a data do falecimento de António Álvares Ribeiro Guimarães e a sua esposa Luísa Albina de Santa Rosa assume o negócio passando a oficina a designar-se Viúva Álvares Ribeiro & Filhos. O filho do casal, António Álvares Ribeiro havia nascido em 1760, tinha por isso 14 anos e estava quase preparado para assumir o negócio da família. Esta terá sido uma época de grande produção pois são muitas as publicações assinadas com esta designação.

António Álvares Ribeiro terá sido o grande impulsionador do negócio da família, é com ele que é aberta a já mencionada loja na rua das flores e a fábrica de papel em Moreira de Cónegos, nas imediações de Vizela. Este casa-se com Maria Máxima Delfina da Silva e em 1803 nasce o filho Joaquim Torcato Álvares Ribeiro que viria a ser um conceituado matemático e professor na Academia Politécnica do Porto o qual também esteve presente em momentos importantes da respectiva Academia. Discursou em 1846 na abertura solene do ano lectivo, em 1852 recebeu a rainha D. Maria II aquando da visita à Academia tendo na época sensibilizado a rainha para a falta que faziam os laboratórios. Em 30 de Novembro teve a seu cargo a visita de D. Luís. Em Novembro de 1864 assumiu funções de director interino e em 1868 indigitado director efectivo da Academia, não tendo porém chegado a tomar posse.

Joaquim Torcato Álvares Ribeiro também foi director da Companhia Geral da Agricultura e das Vinhas do Alto Douro entre 1852 e 1855, proprietário do jornal Periódico dos Pobres, tendo o Jardim Botânico do Porto sido construído a expensas suas. Faleceu em Vizela em 1868. Do que podemos saber terá sido filho único de seus pais e por isso também terá prosseguido com o negócio familiar de livros e indústria de papel.

Feito este enquadramento voltemos-nos para o fórum do site Geneall, concretamente para o autor Manuel Maria Magalhães, que entretanto soubemos recentemente falecido, e assinava como Magalp. Os Álvares Ribeiro surgem na primeira metade do século XVIII com o casamento de António Álvares e Joana Ribeiro, naturais de Vizela. Foi deste casamento que nasceu António Álvares Ribeiro Guimarães que como vimos se estabeleceu no Porto como livreiro. É dito por Manuel Maria Magalhães que os Álvares eram oriundos de Tomar e que já aí haviam um negócio de impressão. Desta família destaca-se Joaquim Torcato Álvares Ribeiro e que os seus descendentes se consideram bons burgueses olhando com desconfiança para os fidalgos de velhas linhagens, por costume valorizam a ciência, a cultura e as belas artes, sendo talvez por isso que desta família sairam tantos e bem sucedidos professores universitários.

Maria Máxima Cabral Álvares Ribeiro, madre da Congregação de Santa Doroteia foi tia-avó de Manuel Maria Magalhães autor do texto do site Geneall. Esta religiosa nascida em 1873 e falecida em 1944 era neta de Joaquim Torcato Álvares Ribeiro. Seu pai Alberto Álvares Ribeiro foi um dos 5 filhos do prestigiado matemático. Já neste apontamentos referimos que foi Maria Máxima Cabral Álvares Ribeiro quem por volta de 1940 vendeu a queda de água que pertenceu à fábrica de papel desactivada alguns anos antes. Pensamos que quem a terá comprado foi João Pereira Magalhães da Têxtil de Vizela empresa ainda a laborar e que fundou em 1935.


Na actualidade a família Álvares Ribeiro continua  a ser reconhecida pelos cargos que ocupa, após a morte do Eng.º Torquato Sottomayor Álvares Ribeiro destaca-se o prof. Dr. Agostinho de Sousa Guedes Álvares Ribeiro autor da publicação «Barragens do tipo abóbada parabólica – Cálculo dos arcos» e vice-presidente para a metrópole do Agrupamento Português de Mecânica dos Solos da Sociedade Portuguesa de Geotecnia entre 1967 e 1971 e que foi sócio do Eng.º João de Barros Gomes Álvares Ribeiro na empresa gestão de projectos e obras, Álvares Ribeiro, Lda. 

(continua)

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