Na Consciência

Já neste blog se fez menção ao romance "Na Consciência" de A. C. Louzada e publicado em 1853.
Esta obra está integralmente disponível no Google Books e foi digitalizada a partir de um original disponível na biblioteca do "Harvard College" estando nele estampado um agradecimento à memória de Aleixo de Queiroz Ribeiro de Sotomayor d'Almeida e Vasconcelos, Conde de Santa Eulália. Julgo tratar-se de uma obra de inteiro desconhecimento na região de Vizela mas na qual assenta uma parte da acção, aliás toda a história começa em Tagilde onde logo nas primeiras páginas se desenrola um crime de homicídio que dá o mote à história.
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Tagilde não é dos sítios do Minho mais nomeada, se bem que rico de recordações, conservadas em chronicões, ruínas e santoraes, e não pobre também de gallas de paisagem que prendem a attenção e valham a pena de um relance d’olhos. Em vão tentaria descrever mais salientes. Cada um dos leitores a bel-prazer comporia com as dispersas cores a decoração a seu modo e, de cem, talvez só rastejasse o meu intento. A digressão valia bem a pena, senão por causa de Tagilde, por tanto sito aprasível do jardim de Portugal.
Desculpado pela impossibilidade de sequer dar uma amostra das bellesas de Tagilde, levo-vos direito, leitor, a umas das quintas d’aquelle tracto, é a quinta da Azenha.
No anno de 1819 era uma boa vivenda, posto que já em decadência. Constava a habitação de três corpos distinctos: a residência dos senhores, edifício nobre, occupava o fundo de um pateo, não pequeno, do qual formavam as outras faces a morada dos criados, cavalhariças, adega e celleiros, e b’uma das extremidades a capella.
A natureza encarregava-se de parodiar os sons de todos os instrumentos de uma orchestra. Dir-se-hia que tinham as encantadas do monte de S. Bento a dar uma serenata de despedida aos donos da quinta da Azenha, ou que os demónios encantados pelo milagroso S. Gonçalo, achado escapula, tinham vindo fazer uma arrufada ao berço do seu inimigo.
-- O senhor é brasileiro? Interrogou o criado, medindo dos pés á cabeça o desmantelado caminhante.
-- É verdade, respondeu elle. Tinha um estabelecimento, uma loja em Ouro-Preto; venho do Rio, pelo Porto, e hia para Santo Adrião… que julgo estará longe ainda.. andei… não sei por onde… estava escuro como noite.
-- Está bem perto.
-- Como se chama este sítio?
-- Tagilde.
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