A Falência Técnica do Estado
O país enfrenta o previsível, num contexto que está acima da esfera dos partidos mas que é a eles e em particular ao próximo governo que compete resolver. Aquilo a que aqui o PSD definiu como falência operacional no âmbito da CP mas que eu creio estar generalizado em muitos sectores. Esta falência operacional desenha-se à 10 anos, começou na fase final da governação de Sócrates e inevitavelmente atravessou o governo de Passos Coelho e continuou com António Costa. Tudo não é mais do que o óbvio; o corte abrupto nas despesas de manutenção e o ausência de investimentos em infraestruturas.
São 10 anos em que o país parou e não é preciso ir longe, para os cá da terra, Vizela, olhem o estado de degradação que o Centro de Saúde já apresenta, toda a fachada exterior e em especial as traves corta luz precisam urgentemente de manutenção, sendo que a falta de manutenção a tempo e horas faz aumentar dramaticamente os custos de reposição. Há uns meses atrás, no mesmo Centro de Saúde houve uma simples torneira numa casa de banho que esteve inoperacional durante meses sem que o pedido para a sua reparação tivesse sido aceite. Estou convencido que este é o espelho do país e foi muito à custa destas políticas, que eu considero terem sido necessárias, que os governos equilibraram os sucessivos orçamentos desta última década.
Não há mais por onde espremer e o país não pode continuar a não acautelar, ou a aligeirar a manutenção das infraestruturas e urge regressar ao investimento. Sim porque as máquinas e edifícios têm um tempo de vida útil que é finito. O próximo governo vai então ter que enfrentar esta realidade, a que vai ter que somar o aumento do investimento no Ministério da Defesa e forçosamente nas questões relacionadas com as alterações climáticas e muito em particular no flagelo dos incêndios, isto num tempo conturbado em que nem a União Europeia é um dado adquirido.
O actual governo tomado daquilo a que chamo um golpe de sorte, aligeirou o discurso demasiadamente cedo. Na verdade os bons resultados económicos alcançados pelo país devem-se muito em particular ao excelente desempenho do turismo fruto de muito trabalho iniciado há muitos anos pelos "player's" públicos e privados do sector e honra seja feita também às autarquias. E os resultados vão sendo divulgados. Do mesmo modo beneficiou de um incremento muito grande do sector tecnológico que cresce exponencialmente e finalmente o sector tradicional que sempre que há uma crise económica é forçado a reinventar-se e tem-no sabido fazer. O que resta ao Governo? Não só, mas muito especialmente arrumar a casa e a sua estrutura de custos e claro desenvolver políticas sociais.
Não estou certo de que a casa tenha sido arrumada e o incentivo ao consumo, numa realidade em que o aumento do rendimento das famílias foi muito ligeiro, num contexto histórico de endividamento, gera um ciclo de crescimento curto a menos que este e o próximo governo consigam a proeza de um crescimento económico superior ao que temos assistido. Superior porque como comecei, vai ser necessário intervir nas infraestruturas sob pena do colapso funcional do país e isto num contexto internacional que se perspectiva difícil.
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