O caso BPN
O caso BPN em particular e todos os acontecimentos recentes do sistema bancário internacional em geral têm dado razões para comentários de várias ordens. Preocupa-me porém uma certa irresponsabilidade política que chega de vários quadrantes e que defende que se as instituições visadas são privadas os diversos Estados não as devem assumir.
Perante um qualquer problema deve olhar-se para ele com discernimento e objectividade. Este caso deve ser dissecado como faria um investigador num laboratório. Pergunto qual o pior impacto para o país; se perderem-se as poupanças de milhares de portugueses, ou o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, assumir temporariamente o défice do banco podendo num espaço de 5 ou 6 anos vender os activos do BPN e recuperar, possivelmente com mais valias, o actual investimento?
Há porém lições e responsabilidades a apurar. Em primeiro lugar o caso BPN é transversal aos governos PSD e PS, depois o Banco de Portugal falhou na supervisão e por isso o seu presidente deve assumir a responsabilidade colocando o seu cargo à disposição. É também importante saber se não foi o caso de extorsão e chantagem ao BPN que despertou o Banco de Portugal para estas irregularidades o que a ser verdadade demonstra que todos os organismos estavam a "comer sono". Finalmente os administradores do BPN que cometeram as irregulariadades devem ser chamados a tribunal para apurar eventuais responsabilidades criminais.
O BPN é um banco pequeno e facilmente integrado na Caixa Geral de Depósitos, no entanto tenho dúvidas que se algo de semelhante acontecer com o BCP exista capacidade financeira para assumir a sua gestão. Aí sim Portugal terá algo de muito grave entre mãos.
Por fim este precedente deve ficar registado na memória política e estratégica do país porque de futuro os cidadãos podem reclamar igual tratamento a outras empresas na falência, o que na minha opinião não é de descartar. Há muito tempo que defendo que o Estado deve assumir parcerias com privados, ou mesmo assumir a totalidade da posição em áreas estratégicas para a economia onde não haja capacidade financeira ou saber fazer suficiente para assumir o risco no sector privado.
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