Exportações, Importações e Produtividade

Com a crise económica dentro de portas o governo e os políticos em geral assim como algumas individualidades nacionais têm colocado todo o enfoque da sua actuação nas exportações nacionais as quais são um canal aberto à entrada de dinheiro no país. Numa consulta à lista dos maiores exportadores portugueses aparece a Galp no topo, porém, por outro lado na lista dos maiores importadores também em primeiro está a Galp. Talvez a análise não possa ser tão directa mas esse facto fornece-nos pistas para a baixa produtividade nacional; Portugal pouco mais é do que mero fornecedor de mão de obra.

A Galp compra no estrangeiro combustíveis em bruto, refina-os e volta a vender parte da sua produção fora do país, ou seja é como que se a petrolífera portuguesa tivesse comprado no estrangeiro uma "máquina de refinar", contratado uns quantos funcionários, passar a comprar petróleo e vender gasolina e gasóleo e assim cobrar aos clientes a amortização da máquina e o custo hora dos funcionários. Será assim tanto o valor acrescentado? Será isto estratégico para Portugal? Num outro extremo podemos ter uma produtora de vinho que compra garrafas, aproveita o sol e a chuva, contrata uns quantos funcionários, cuida da vinha, colhe a uva, pisa, amadurece, engarrafa e vende vinho. A uma outra escala a produtora de vinho é geradora de um muito maior valor acrescentado e por isso essa deve ser uma prioridade nacional porque o diferencial entre as entradas e saídas é muito maior e por isso é mais produtiva.

A Autoeuropa por exemplo é também uma bandeira das exportações nacionais, ocupa o 2º lugar, no entanto trata-se de uma mera empresa empregadora que cobra ao cliente apenas o custo da mão de obra. Esta empresa é por oposição a 3ª maior importadora nacional. Uma boa empresa têxtil tem dentro das suas portas muito mais investigação e desenvolvimento do que a Autoeuropa, qual é por isso mais estratégica para o nosso país? Com certeza a indústria têxtil.

A Soporcel ocupa o 3.º lugar das maiores exportadoras e a Portucel o 9.º lugar, ambas produtoras de papel, compram quase toda a matéria prima em Portugal e vendem papel para todo o mundo, além disso o núcleo duro dos accionistas são nacionais são por essa razão empresas geradoras de grande riqueza ainda mais importantes porque as mais valias ficam dentro do país.

A produtividade de uma empresa não é estritamente a quantidade de produtos que faz  mas é muito mais o lucro que tem por cada hora de trabalho e esse sim está relacionado com a eficiência do trabalho, com o valor da matéria prima, com a inteligência e conhecimento humano aplicado ao produto e, finalmente, o seu valor comercial.

Eis que me parece ser o momento para clarificar as prioridades nacionais e ir ao âmago de um real  problema que induz falta de produtividade no país.

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