País Insustentável e Políticas Salariais
Texto remetido à Presidência da República e Gabinete do Primeiro Ministro
Um país insustentável foi a tónica do discurso do Prof. Cavaco Silva nas comemorações do Dia de Portugal. O Governo não gostou, mas certamente muitos portugueses também não, mas essa é sem sombra de dúvida a expressão que melhor define o nosso país. Não, não se trata de pessimismo mas antes de mera constatação.
Um país insustentável foi a tónica do discurso do Prof. Cavaco Silva nas comemorações do Dia de Portugal. O Governo não gostou, mas certamente muitos portugueses também não, mas essa é sem sombra de dúvida a expressão que melhor define o nosso país. Não, não se trata de pessimismo mas antes de mera constatação.
Este país está insustentável e não é apenas responsabilidade do Governo, ao longo de décadas os portugueses foram quem mais contribuíram para o caos financeiro do país. Os sucessivos governos, com altos e baixos, vão sendo o espelho da sociedade portuguesa. Os portugueses são avessos ao pagamento de impostos e useiros e vezeiros em artimanhas para os não pagar: um país é sempre insustentável se não gerar receitas. Por outro lado os portugueses também são exímios em sorver o dinheiro do Estado abusando indevidamente dos subsídios sejam eles para o desemprego, pobreza ou projectos empresariais: um país assim é insustentável.
O grande pecado dos sucessivos governos foi não terem sabido (ou não quererem) ser suficientemente fiscalizadores para impedir os abusos dos portugueses, mas estes governos ainda tiveram um pecado muito mais grave que foi terem eles abusado da incapacidade de reacção dos portugueses que todos os dias trabalham para levar um salário mínimo para casa. Os desempregados (que verdadeiramente querem trabalhar) e os milhões de portugueses do salário mínimo são as verdadeiras vítimas deste país insustentável do qual muitos abusaram.
Prezados e conceituados economistas defendem que Portugal precisa de reduzir os salários em 20% para que estejam em linha com o PIB nacional. Até aqui o país está insustentável porque não é possível reduzir os salários destes milhões de portugueses que ganham o mínimo indispensável, não para viver, mas para sobreviver. Porém falta a coragem política para determinar reduções substanciais nos salários obscenos de gestores, parte significativa de quadros superiores e altas chefias, profissionais liberais e políticos. Tanto no Estado como nas empresas privadas e também no seio dos profissionais liberais as escandalosas diferenças de salários funcionam como sorvedouros de riqueza que enfraquecem o PIB e impedem o desenvolvimento doa país. A estes salários sim, é possível cortar 20% e em muitos casos ainda mais.
Está na hora de fazer nascer um país sustentável baseado na responsabilidade social e definitivamente a aplicação de uma política de salários máximos é fundamental para esta responsabilidade social. Deverá ser imposta a todas as organizações uma regra de diferenças salariais máximas determinando assim que a partir de determinado patamar para aumentar o salário mais elevado dessa mesma organização implica aumentar também o salário mais baixo – criação de riqueza sustentável.
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