A Europa de Merkel

Pela boca morre o peixe é uma expressão comum e neste caso a chanceler alemã Merkel foi no mínimo atraiçoada pelas suas próprias palavras. Nos últimos dias Merkel afirmou que os países periféricos como Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda devem aumentar o número de horas de trabalho diárias, diminuir aos dias de férias e elevar a idade da reforma no sentido de se aproximarem das principais economias europeias, Alemanha como referência, ainda mais porque estão a ser economicamente ajudados por estas. Acrescentou que a Europa e a moeda única não tinha futura mantendo-se essas discrepâncias.

Hoje o Jornal de Negócios publicou alguns dados estatísticos que comparam o n.º de horas de trabalho semanais, dias de férias e idade da reforma em países como:
  • Grécia
  • Eslováquia
  • Eslovénia
  • Portugal
  • Espanha
  • Estónia
  • Áustria
  • França
  • Itália
  • Finlândia
  • Luxemburgo
  • Bélgica
  • Alemanha
  • Irlanda
  • Holanda
Ficando aqui uma pequena amostra:

N.º de horas de trabalho semanal:

Grécia 42,5 horas/semana (topo da lista), Portugal 38,9 horas/semana, Espanha 38.8 horas/semana, França 38 horas/semana, Finlândia, 37,3 horas/semana, Alemanha 35,7 horas Irlanda 35,3 horas/semana e no fim da tabela com menos horas semanais a Holanda com 30,6 horas/semana

Dias de férias:

No topo da lista com mais dias de férias a Alemanha com 30 dias, Finlândia 25 dias, França 25 dias, Irlanda 24 dias, Portugal 23,5 dias, Grécia 23 dias e no fim da tabela a Estónia com 20 dias.

Idade para reforma:

No topo da lista a Holanda com 63,6 anos, Portugal om 62,6 anos, Espanha com 62,3 anos, Alemanha com 62,2 anos, Finlândia 61,7 anos, Grécia 61,5 anos, França 60 e no fim da tabela Eslováquia com 58,8 anos.


Visto estes dados, ou a chanceler alemã não conhece o seu país ou não conhece a Europa!

Fica ainda uma análise a este caso criado por Merkel e aos dados em si:

a) A Alemanha há pouco mais de 50 anos tentou dominar a Europa através da guerra e é bom que os restantes países europeus retenham, sem fundamentalismos, os acontecimentos da história recente pois nesta segunda década do século XXI a Alemanha parece querer dominar de novo a Europa desta vez pelo poderia económico.

b) Merkel tem razão porque a Europa, que precisa ser coesa, só tem futuro se caminhar para a uniformização dos padrões económicos porém não significa que a bitola tenha que ser a alemã.

c) Os dados estatísticos apresentados confirmam o que tenho vindo a escrever ultimamente neste blogue:  

"A produtividade de uma empresa (país) não é estritamente a quantidade de produtos que faz  mas é muito mais o lucro que tem por cada hora de trabalho e esse sim está relacionado com a eficiência do trabalho, com o valor da matéria prima, com a inteligência e conhecimento humano aplicado ao produto e, finalmente, o seu valor comercial."

d) A Alemanha que este ano está a bater todos os seus recordes de exportações é uma nação que tem a beneficiar com o enfraquecimento económico das economias europeias pois as mesmas são utilizadas pela Alemanha para produção de produtos desenvolvidos na Alemanha e que interessam ser produzidos a custos reduzidos para depois exportar para as economias emergentes asiáticas e africanas.


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