Vizela 2038 (Parte III)
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As mesmas acessibilidades que colocam Vizela no país e no mundo, são as mesmas que retiram a população para trabalhar noutras regiões e também para compras e diversão em centros urbanos maiores. Este movimento é inevitável nas comunidades pequenas, é uma tendência social da vida moderna procurar meios urbanos maiores e por isso é preciso encarar isso como um facto , mas ao mesmo tempo é preciso procurar dinâmicas que num balanço do tipo deve e haver haja tendência a encontrar um ponto de equilíbrio sob pena de uma cada vez maior debilidade do comércio local. Vizela tem de saber encontrar atrativos que incentivem os vizelenses e vizinhos a disfrutar de momentos de lazer e compras dentro de portas. É evidente que o trabalho não pode ser exclusivo da Câmara Municipal, mas é claro que também tem de ser dos principais interessados, os comerciantes. Em todo o caso é compreensível que o comércio, que com muita dificuldade se mantém aberto, não esteja disponível para fazer investimentos e por isso a autarquia precisa de incentivar dinâmicas de renovação.
Há dias enquanto olhava para o campo de ténis, fechado, junto ao mercado um grupo de jovens jogava à bola no espaço multiusos utilizando as barracas, normalmente usadas nas feiras de artesanato, a servirem de balizas, dei conta de que no centro de Vizela não há um ringue de futebol de acesso público, não há um campo de basquete, não há um parque de skate e patinagem, não há uma parede de escalada... Dou aqui o exemplo de Ribeira de Pena, município de um profundo interior e que tem um excelente complexo para desporto de lazer, com piscinas, campos de futebol, campos de ténis, campos de basquete, parques infantis e amplas zonas relvadas, com acesso a preços meramente simbólicos. De ausência de infraestrutura em ausência de infraestrutura os vizelenses, em especial as camadas mais jovens, desacreditam-se da sua terra.
É básico que a primeira regra seja a existência de infraestruturas para que a população mais jovem possa ter salutares momentos de lazer e diversão. Depois são necessários eventos que prendam as pessoas à terra, que as façam orgulhar-se e que tragam também gente de fora. Vizela precisa de pelo menos 4 grandes e marcantes eventos anuais. Já há dois, as festas da cidade e a feira romana. Precisa de mais um entre Outubro e Novembro e outro entre Fevereiro e Março. É preciso procurar temas, já em alguns momentos referi que em Vizela há espaço para um grande evento gastronómico centrado no fabrico tradicional de broa de milho e bolo com sardinhas ou carne; a feira da "Broa de Milho e do Bolo". Em sequência deveria ser criado o roteiro das padarias com fabrico de broa de milho tipo artesanal em folha de couve e também o roteiro dos restaurantes e tabernas que o usem na sua forma essencial ou como ingrediente nos pratos que confeccionam, assim como do fabrico de bolo com sardinhas e carne. Há depois toda uma série de pratos que daqui podem emergir uma vez que a broa de milho é hoje usada na cozinha para criar texturas e paladares crocantes. Os restaurantes de Vizela têm fama e tradição além portas, é por isso de justiça a promoção de um grande festival deste género.
O quarto evento deveria ser dirigido às expressões artísticas, música, literatura, representação, pintura, fotografia, morais, etc... não um festival erudito mas antes voltado para o artista que cada cidadão é capaz de ser, um festival de artes para amadores e artes de rua.
O comércio tem que acompanhar os eventos e por isso os seus horários devem ser adequados a estes acontecimentos, por exemplo, seria normal, como o é em outras cidades que o comércio estivesse aberto nas noites e fim de semana da feira romana, do mesmo modo se adequasse ao movimento das massas nas festas da cidade e não se limitasse a reclamar pelas barracas que tapam as montras, só assim estes eventos podem reverter não apenas para a restauração mas para todo o comércio em geral. Por outro lado o comércio em Vizela é pouco diversificado, o que até é normal pela sua dimensão, mas há autarquias por exemplo que já estão a criar espaços com rendas simbólicas para instalação de projetos de comércio alternativos, ajudando a resolver o problema das rendas desfasadas com a realidade comercial local. Um outro projeto que poderia ajudar a melhorar a realidade comercial de Vizela seria uma espécie de Vizela Comércio Digital, um projeto coletivo para venda online permitindo ao comércio local "exportar" para outras localidades. É preciso estar ciente de que a tendência do comércio online é para crescer e Portugal ainda está muito atrás daquilo que já acontece em outros países porém deverá dar o salto quando a geração dos atuais adolescentes ganharem poder de compra.
(Continua http://mirandablogue.blogspot.pt/2017/06/vizela-2038-parte-iv.html)
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