Floresta em VIzela

Tomei hoje conhecimento através do DDV de que o Gabinete Técnico Florestal (GTF) da Câmara Municipal de Vizela está a adjudicar a limpeza de faixas de mata em torno dos aglomerados habitacionais como meio de evitar a propagação dos incêndios. É uma medida que estava prevista desde a criação do GTF, no entanto só agora está a ver a luz do dia. É uma acção necessária que vai contribuir para o aumento da segurança das habitações no período estival.

Acções deste tipo não deixam no entanto de ser remendos no panorama florestal, pois em primeiro lugar a responsabilidade deste tipo trabalho é dos proprietários, só em última instancia é que deveria ser do GTF, cabendo sempre a este a coordenação e fiscalização. Esta situação é complexa, na medida em que uma boa parte dos proprietários florestais deste município não têm interesses na exploração dos espaços, sendo a pertença o seu único interesse. A agravar o problema, muitos deste proprietários receberam os terrenos por herança, são muitas vezes trabalhadores de sectores que nada têm a ver com a floresta ou a agricultura, o que faz diminuir o seu interesse, sendo que não raras as vezes não conhecem com claridade os limites das suas propriedades.

Não conheço a fundo o trabalho do GTF de Vizela, por isso não posso emitir qualquer opinião sobre o mesmo e pode ocorrer que sobre o que de seguida vou abordar já faça parte do seu plano de acção.

Sob o meu ponto de vista é prioritário identificar todos os proprietários de terrenos florestais no Município de Vizela, traçar o seu perfil e interesses. Com base nesse conhecimento deveria ser proposto a criação de um agrupamento de proprietários florestais, o que é fundamental, num concelho como este, em que a extensão florestal é pequena e retalhada. O objectivo deste agrupamento seria trabalhar para rentabilizar a floresta, pensando-a não individualmente, mas como um todo. Na prática cada proprietário passaria a ser “sócio” com uma determinada quota, avaliada em função do valor da sua propriedade, de uma organização gestora de produção florestal. Esta nova identidade seria responsável por transformar uma floresta sem valor, numa floresta eficiente e pensada como um ecossistema. Seria da sua responsabilidade, conjuntamente com o GTF, definir quais as espécies a adoptar e traçar um projecto empresarial.

Cabe ao GTF dar os passos necessários para o cumprimento de tal projecto, fornecendo meios humanos e know how para a sua elaboração, ajudando também a procurar no mercado valor comercial para os produtos e sub-produtos florestais permitindo desde já que os proprietários possam realizar mais valias.

Uma floresta eficiente, é o primeiro passo na prevenção dos incêndios, é geradora de emprego e tem valor económico que não pode ser desprezado.

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